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Você sabe como é ser gordo?


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Eu sempre fui gordinha, sempre! Nasci gordinha e continuei gordinha até meus 19 anos. Minha irmã, que era mais velha que eu, era magricela, bem magrinha mesmo, comíamos a mesma comida que era feita pela nossa mãe, minha mãe não comprava esse monte de porcarias que como hoje, bolacha recheada era uma vez na vida, e só algumas bolachinhas, não era um pacote todo. Eu não comia em excesso, e fazia atividades físicas, fazia aulas de natação umas 3 vezes por semana, e atividade física na escola, mesmo que moderadamente, já que minha bronquite e sopro no coração não me permitiam muito. Eu era muito ativa, brincava na rua com os amigos, de jogar bola, de corrida, de tudo que era coisa que gasta energia, mas eu era gorda.

Eu não comia muito, não era sedentária, mas era gorda. Eu era gordinha, não era obesa, mas estava bem acima do meu peso, e isso, desde que me entendo por gente. E claro que sempre ouvia piadinhas, ouvia coisas da minha família, e durante toda a minha infância fui chamada de “gorda”e de “gordinha” por meus parentes e familiares, que achavam aquilo carinhoso. Mas se eu chamasse uma tia de “velha”de forma carinhosa e por mais verdade que fosse, eu estaria sendo legal? A resposta é não.

Na adolescência meu peso aumentou, com a chegada da puberdade meus hormônios ficaram loucos, a tireóide descompensou e eu engordei mais, uns anos depois eu entrei em uma depressão, e passei a não sair de casa, a não ser quando fosse necessário, não fazia mais atividade física, e passei a descontar as frustrações na comida, e sim eu engordei mais. Eu não saia de casa por vergonha, eu odiava comprar roupas, quando minha mãe me levava pra comprar roupas ao contrário da maioria das meninas, eu odiava, porque sabia que as roupas que eu gostava iriam ficar ridículas em mim, isso se servissem. Segundo boa parte das pessoas eu não podia usar algo muito largo, porque eu pareceria “maior”e nem nada muito apertado porque eu era gorda. Acredite, eu sabia que era gorda, e doía cada vez que eu ouvia qualquer uma dessas coisas.

Eu sentia vergonha de comer na frente das pessoas, porque certeza que alguém ia olhar e falar “alá, a gordinha só come” então eu evitava comer na frente dos outros, não podia por um pedaço de bolo na boca em festas q ouvia “Por isso que você ta gordinha, só fica no bolo”mesmo q fosse o primeiro pedaço e a primeira mordida. E não pensem que isso vem só das pessoas de fora, vem da família e dos amigos também, na verdade, das pessoas da rua eu quase nunca ouvia comentários e piadinhas, eram as pessoas próximas que se achavam no direito de me “incentivar”.

Eu fui conseguir emagrecer com uns 19 anos como disse acima, emagreci um pouco mais de 20 kilos, mas emagreci de forma errada, fiquei doente, passei por mil situações e hoje aprendi. Mantive meu peso, as vezes em momentos ruins, me descuido e la vem uns 3 ou 4 kilos a mais (que é a minha atual situação no caso) mas nunca passei disso.

Sobre emagrecer, mudou a minha vida, porque eu mudei não só na balança, eu mudei por dentro, mas eu ainda sou gorda, sempre serei, hoje eu estou magra, mas a minha cabeça é de gorda, sempre vai ser, eu sempre vou ter que me preocupar com meu peso, com o que como, sempre vou saber de cor as calorias dos alimentos e contar todas elas, sempre vou me sentir culpada se cometer um excesso, e sempre vou ter que correr atrás do prejuízo se quiser me manter magra, é uma luta constante, porque eu não sou aquela pessoa que come de tudo e não engorda, meu metabolismo que já era lento, foi ainda mais prejudicado pelo meu processo de emagrecimento falho.

Eu não culpo as pessoas que me julgaram, criticaram, ou me ofenderam pelos problemas de auto estima que tive, mas também não carrego a culpa sozinha não, as palavras tem muito poder sobre as pessoas, ainda mais quando elas estão vulneráveis, e eu não fui gordinha numa época em que o politicamente correto tava em alta, igual hoje em dia, eu fui gordinha numa época em que falar pra uma pré-adolescente que ela tava enorme e ninguém ia querer ela se continuasse assim era normal e tido como um conselho bom. Eu entendo que é bem natural a família se preocupar com alguém que está acima do peso, por saúde e qualidade de vida, mas existem tantos meios de se preocupar com alguém que você ama, e proferir ofensas não é um deles. Veja bem, chamar alguém de gordo não é ofensa, ofensa é você se referir a pessoa gorda como se ela não fosse digna de carinho, respeito ou amor.

Porque estou contando isso pra vocês? Eu tenho um site sobre dietas e perda de peso, e boa parte das pessoas que me pedem ajuda acabam me falando que eu sou magra, é fácil eu falar pra terem força de vontade quando eu não sei o que é ser gorda. Então alto lá cara pálida, abaixa essa arma porque você não me conhece, e esse texto é pra te mostrar que eu sei sim como é.

É bem polêmico falar sobre obesidade e sobre emagrecimento,  entendo quem me julga por me ver magra, porque eu também odiava quando alguém me julgava sem saber pelo o que eu estava passando, ou pelo que eu passei.

É verdade que emagrecer requer alimentação balanceada, exercícios e força de vontade para fazer os dois primeiros que acabei de falar. Mas também é verdade que vai muito além disso. Existem mil fatores que levam uma pessoa a ser gorda ou a engordar, genética, metabolismo, problemas hormonais, problemas de saúde, anti concepcional (sim eu ganhei 6 kilos após uso do anti concepcional e  muita celulite, muita retenção de líquido) remédios com efeitos colaterais, diabetes, depressão, stress, insônia e mil outras coisas.

O excesso de peso acaba prejudicando a saúde em boa parte dos casos (veja bem que não to falando que todo obeso é doente heim, pelo amor de Deus) e também a auto estima, mas como lidar com isso? É simples, se você não está acima do peso, mas conhece alguém que esteja, cuide da sua vida, se a pessoa não te perguntou nada, não pediu conselhos, então novamente repito, cuide da sua vida, a pessoa tem espelho em casa e sabe do peso e do corpo dela, ok? Se te pedirem apoio para emagrecer e você puder e estiver disposto, então apoie, mas seja coerente, se você fosse careca, magro demais, banguela ou qualquer coisa que chegue perto de um aspecto diferente da maioria das pessoas, você gostaria que ficassem apontando, fazendo piada, te dando conselhos de como resolver o seu “problema”, rindo e te ridicularizando? A resposta com certeza é NÃO.

Então porque julgar, ou se intrometer na vida alheia? Quando se é gordo você tem duas opções, ou você é feliz ou você não é e tenta emagrecer. Aí agora você vem e me fala: “Ain Bianca mas as pessoas tem que se aceitar”Aceitar o que? Obesidade não é pedido de casamento pra você ter que aceitar, obesidade é uma condição, ou você está feliz com ela, ou não. E se a pessoa obesa está feliz com o próprio corpo, quem é você de fora pra se intrometer e querer mudar isso? Você não é ninguém, então cuide da sua vida amigo. Agora se a pessoa obesa não é feliz e quer emagrecer, qual o problema? Nenhum, todo mundo tem direito de correr atrás do que quer, então vamos combinar de parar com os julgamentos?

Tem gente que julga o obeso falando que ele é obeso porque come demais, mas e se for isso? É você quem paga a comida? Não, então fique na sua.

Se o obeso quer emagrecer é problema dele também você não tem que ficar gritando que ele tem que se amar como é e não deve ceder aos padrões de beleza, porque só a pessoa sabe como ela se sente e o que ela gostaria de mudar.

 

É claro que é importante se amar acima de tudo, se amar como pessoa e saber que independente da sua forma física você é digno de amor e respeito como todo mundo. Mas se algo te incomoda e você quer e pode mudar, então mude. Desde que você mesmo queira e não porque as pessoas ao seu redor não te respeitam ou não te aceitam como você é.

É preciso ter uma cabeça muito boa para não deixar que as pessoas ao seu redor te contaminem com os julgamentos, e nem sempre quem está acima do peso consegue lidar com isso, e começa dietas em momentos de tristeza, rejeição ou depressão e acabam fracassando, sabe porquê? Porque ofensa não é motivação, piadinha e julgamento não são animadores pra nenhum ser humano.

E qual a conclusão disso tudo, já que falei sobre vários fatos e fatores, mas não juntei uma coisa com a outra? A conclusão é que se cada um cuidasse da própria vida, todos seríamos mais felizes, o preconceito existe do magro com o gordo, e do gordo com o gordo também.

Quando me perguntam sobre obesidade eu afirmo que eu não conseguia ser feliz acima do peso, mas é algo meu, eu não me sentia feliz nem a vontade com meu corpo, e preferi emagrecer, me sinto melhor psicologicamente e fisicamente falando. Não é uma questão de não me amar como eu era, mas sim de me amar muito e querer mudar pra me sentir mais feliz comigo mesma (eu não tenho fotos dessa época de gordinha, porque quando emagreci, eu olhava para aquelas fotos e não me via, era como se fosse eu aprisionada dentro de uma pessoa triste, por isso joguei todas as fotos fora, porque me fazia mal me ver daquele  com aquela cara de pessoa depressiva). Mas, não acho que isso serve pra todos. Cada um deve ser feliz a sua própria maneira, com o corpo, cabelo, e estilo que achar melhor. Então deixem as pessoas decidirem como viver a própria vida, deixe que as pessoas sejam felizes como são, e que mudem o que não as agrada, você pode ter sua opinião pessoal, mas tem o dever de respeitar a opinião e a vida do outro, e se sua opinião pessoal ofende alguém, guarde ela pra você, afinal de contas, se não vai ajudar ao próximo, pra quê atrapalhar não é mesmo?

 

Eu já ouvi muita babaquice sobre ser gorda, sobre ser magra demais (eu já sofri de princípios de anorexia e contei um pouco sobre isso nesse texto aqui) sobre meu jeito de me vestir, de me comportar, sobre meu cabelo, e sabe de uma coisa, quanto mais eu tentava mudar pra agradar as pessoas, mais eu me sentia triste e longe de ser quem eu queria ser, e nunca agradava a todos. Foi quando eu percebi que a única pessoa que eu deveria agradar era a mim mesma, porque as pessoas sempre vão falar, julgar e  reclamar, mas só quem sabe da sua vida, é você, só você sabe o que te faz feliz, então se eu puder te dar um conselho, por mais difícil que pareça, seja forte o suficiente para ser você mesmo e cuidar da sua própria vida, gente feliz e ocupada não tem tempo nem para dar opinião sobre a vida alheia e para se preocupar com a opinião alheia.

Olha só como o mundo anda louco, eu escrevi um texto gigante só para tentar dizer para as pessoas que cada uma cuide da própria vida, e que deixem as pessoas serem quem elas querem ser em paz. Parece óbvio, mas para boa parte das pessoas parece não ser. Então, por favor tenha mais respeito e mais empatia com o outro, respeito é bom, e todo mundo gosta, ser respeitado é um direito seu, mas também é um dever respeitar ao próximo.

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Pedro Muzy

Pedro Muzy

Especialista em alimentação saúdavel. Produtor de conteúdos digitais e redator web. Atua com produção de conteúdos sobre alimentação e deseja levar seus conhecimentos práticos para mais pessoas e assim ajudá-las a lidar melhor com sua saúde.

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